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sexta-feira, maio 12, 2006 

AS BOTAS DE VAN GOGH



O meu interesse por Van Gogh é deveras antigo. Há três anos publiquei um pequeno artigo sobre o episódio "Os Corvos", retirado do filme de Akira Kurosawa, "Sonhos".
Posteriormente, por feliz coincidência, adquiri o livro de Heidegger, "Caminhos da Floresta", editado pela Gulbenkian, cujo texto inicial mergulha o leitor no questionamento essencial sobre "O que é uma coisa"; essa reflexão coloca-se como preâmbulo à classificação da obra de arte, para além de tudo, como sendo uma coisa; enquanto tal, a obra de arte pode sofrer o mesmo processo de armazenamento que as batatas ou ser expedida como madeira ou carvão.
Tal remete-nos para a materialização da obra de arte: "Há algo de pedra na escultura como há algo do couro ensebado e gasto nos sapatos de Van Gogh".
Mas perante a obra de arte, o quadro, abrimo-nos à fala do couro que traz a terra, o odor da terra e da água. Os canos enrugados das botas que transportam o cansaço do camponês, que falam da sua vivência, das suas certezas tranquilas, que falam pelo homem que não parece poder ou saber falar.
A arte transfigura, altera o real, fazendo-o ser o que ele não parecia ser.
Na verdade, a obra de arte, esta obra faz ressaltar a verdade do ente, clarificando o ser que se esconde no ente e que se revela à significação para o fruidor.

José Manuel Marques

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